Dona de casa desesperada (Desperate Housewives)
Ser a mãe a tempo inteiro é um privilégio, mas também é muito desgastante em termos físicos e o nosso trabalho nunca termina, nem ao fim-de-semana. Claro está, que as mães que trabalham a tempo inteiro ainda é pior, por isso sermos consideradas umas verdadeiras Super-Mulheres, mas quando se é doméstica (odeio esta palavra), a sociedade e toda a envolvente é bem mais exigente connosco, parece que existe um compromisso a 200%, a casa tem que estar perfeita, roupa lavada e passada quase no próprio dia, comida deliciosa e esposa feliz e contente, bem perfumada, a receber o marido que chega a casa exausto do trabalho.
Comecei a trabalhar em regime part-time a alguns meses e confesso que estou a adorar, o meu trabalho consiste em ajudar as famílias a arranjar casa, escola para as crianças e a conhecerem Singapura. Tenho um motorista para me ajudar nesta tarefa e passo o dia inteiro com a família! Sou uma espécie de guia turística e acabei por arranjar mais uma forma de me reinventar! Já tive o privilégio de conhecer famílias de diversas partes do Mundo e tenho tido um feedback super positivo. Neste momento estou no meio dos dois papéis, nem estou a tempo inteiro nem em casa.
Mas se voltava atrás? Se gostava neste momento de ter um trabalho a tempo inteiro? A resposta para já é não! O que mais me custava nesta equação era deixá-los na escola tantas horas e de não ter tempo para eles. Talvez agora também seja demais e em tudo na vida tem que haver um equilíbrio, mas eles vão crescer e apesar de que vão sempre precisar da mãe e sobretudo do meu colo, tudo será diferente.
Tenho a sorte de poder abdicar de um trabalho a tempo inteiro, mas sinto que preciso de reconquistar algum espaço que perdi, além de ser mãe, esposa também gosto e preciso de ser mulher. Arranjar-me de manhã para o trabalho e ter reconhecimento por parte da empresa e das famílias que têm trabalhado comigo, mas fico sempre com uma sensação de borboletas na barriga, será que estou a fazer o melhor para os meus filhos?
Na nossa última viagem que fizemos conhecemos um casal muito interessante, ela com raízes do Paquistão e ele americano. Ela sempre viveu fora do seu país de origem, o pai era diplomático e por isso não criou raízes em nenhum lugar, fartou-se de viajar, conheceu imensas pessoas interessantes. Perguntei-lhe se achava que essa experiência internacional tinha sido benéfica para a sua vida adulta, ao que ela respondeu, que sentia 'inveja' do marido, pois ao contrário dela, este sempre viveu junto dos avós, tios, primos, etc.
O marido riu-se e deu-nos um conselho: 'Façam o que fizerem, tomem as decisões que considerem as mais acertadas na altura para vocês e para a família, isto porque os vossos filhos vão sempre culpar-vos pelos dramas que vão enfrentar na adolescência, e só quando tiverem 30 anos e filhos, vão perceber que tudo o que vocês fizeram foi por bem deles e dar-vos o devido valor.'
Mas sem dúvida alguma que eles são a melhor coisa da minha vida!
Mas sem dúvida alguma que eles são a melhor coisa da minha vida!
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